Usando a arquitetura para criar um novo movimento cívico: entrevista com Chris Sharples, do SHoP Architects

Este artigo foi publicado originalmente pela Redshift, da Autodesk, como "SHoP's Chris Sharples on Urban Architecture, Digital Fabrication, and the Public Realm."

Os irmãos gêmeos Chris e Bill Sharples são dois dos sócios fundadores da SHoP Architects, uma empresa sediada em Nova York, criada há 20 anos para reunir conhecimentos diversos em projetos de edifícios e ambientes que melhoram a qualidade de vida pública.

O estilo da empresa é difícil de definir, mas um denominador comum no portfólio da SHoP é uma filosofia de projeto baseada em restrições. Dos modelos digitais às técnicas de fabricação e entrega sempre à frente de seu tempo, a tecnologia está no centro do movimento da empresa em direção a uma abordagem iterativa que, como diz Chris Sharples, "está começando a obscurecer a linha entre arquitetura e manufatura".

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Cortesia de SHoP Architects

Seja projetando o que será o edifício mais alto do Brooklyn, um gigante sustentável como o Botswana Innovation Hub fora de Gaborone, ou a nova sede do Uber em São Francisco, a equipe de 180 profissionais usa modelos digitais para criar projetos de arquitetura urbana que dialoguem com o domínio público e, em última análise, transformem cidades - Nova York estando no topo da lista. "Entre os arquitetos, há muito foco na forma e na expressão, e não tanto na experiência", continua Sharples. "Achamos que é realmente importante pensar em como a arquitetura pode criar um novo momento cívico".

Aqui, Sharples fala sobre a abordagem não ortodoxa da SHoP, projetos recentes e o que está reservado para o futuro.

Jeff Link: Seu trabalho abrange uma variedade de tipologias, de esplanadas à beira-mar a arranha-céus e coliseus esportivos. Em um portfólio tão amplo, o que conecta seu trabalho?

Chris Sharples: Quando fundamos o escritório, nenhum de nós veio diretamente da formação em arquitetura. Eu me graduei em história e belas artes na Dickinson College. Não sei se foi por ingenuidade ou pela nossa formação em artes liberais, mas nós não queríamos nos especializar, não queríamos nos restringir; nós queríamos ser clínicos gerais. Estávamos mais interessados em saber como a arquitetura poderia desempenhar um papel no cenário geral, expandindo-se além do terreno para toda a estrutura da cidade, seja por meio de instituições culturais, edifícios residenciais e comerciais ou obras públicas.

© Bruce Damonte

JL: Você pode compartilhar a inspiração por trás do Barclays Center, no Brooklyn?

CS: Um dos aspectos fundamentais para criar uma experiência arquitetônica urbana é a criação de espaços públicos de ponta. Nossa aspiração para o Barclays Center era imaginar como poderíamos transformar a arena em um gesto cívico. Com sua cobertura da entrada de mais de 9 metros de altura e o óculo do tamanho de uma quadra de basquete, mesmo que as pessoas não estejam passando por ali para ir a um evento, elas sentem que fazem parte de algo. Ao contrário de outras arenas, Barclays prioriza o transporte de massa; mais de 80% das pessoas chegam neste grande espaço urbano através do transporte público. Como os "braços" de Bernini na Praça de São Pedro, em Roma, há uma forte conexão entre o edifício e o espaço público que o rodeia.

JL: Que impressão a longo prazo você espera que seus edifícios deixem em Nova York?

CS: Que eles criam uma conexão humana. Nós realmente queremos criar um senso de autenticidade material e desfrute, com escala humana de qualidade, com variedade, variabilidade e complexidade. Quando você olha para os American Copper Buildings, ou 9 DeKalb Avenue no Brooklyn, ou 111 West 57th Street, você vê como o material tem influência na quebra do tamanho desses edifícios — usando materiais tradicionais como cobre, zinco, terracota, aço corten, materiais que irão desenvolver uma pátina natural com o passar do tempo e são artisticamente trabalhados para chamar a atenção para a beleza e singularidade do edifício.

Ao mesmo tempo, não estamos apenas focando na articulação no nível do solo, mas também levando essa atenção para as torres. Queremos utilizar materiais que existem há centenas de anos, mas com um novo processo de fabricação que pode trazer uma sensação de escala humana para o ambiente construído.

Cortesia de SHoP Architects

JL: Como a fabricação se encaixa no seu modo de projetar?

CS: Nós nos inspiramos bastante nas indústrias aeroespacial e automotiva. Pensamos em design e sistemas de materiais. Essas indústrias não apenas levam em consideração o design, mas investigam como elas poderiam manifestar suas criações por meio de um processo de fabricação altamente complexo. O design e a fabricação andam de mãos dadas.

JL: Existem plataformas que você considera úteis para promover a colaboração entre equipes interdisciplinares de projeto?

CS: Para nós, não se trata de tentar encontrar uma plataforma única para resolver todos os nossos problemas. Vemos a tecnologia digital como parte de uma caixa de ferramentas para desenvolver o espaço. Nós usamos provavelmente cinco programas diferentes e, além disso, temos pessoas programando; executando análises de simulação ambiental com realidade virtual. Estamos realmente vendo como levar o projeto arquitetônico ao mundo da manufatura.

© SHoP Architects and West8

JL: O que vem a seguir para a SHoP?

CS: As questões ambientais são críticas para os edifícios. Através das emissões de construção e do ciclo de vida dos componentes, os edifícios geram quase metade dos gases de efeito estufa no país. É um grande problema que precisa ser abordado através da ciência dos materiais e de novos sistemas de controle ambiental. Essa é uma das coisas que estamos olhando ativamente.

Outro grande desafio, especialmente para Nova York, é que ele não há moradia suficiente. A cidade tem o objetivo de criar 300.000 unidades de moradias populares até 2026. Mas não vamos chegar lá se seguirmos o ritmo atual. Para lidar com esse problema, precisamos pensar em como projetamos e entregamos projetos de arranha-céus residenciais, passando de um processo de construção restrito às condições do terreno para outro que utiliza a fabricação fora da propriedade. Nós ganhamos muita experiência com a construção de um prédio modular de 32 andares na Dean Street. Agora, estamos tentando replicar esse modelo, passando de um processo de construção para um processo de fabricação de edifícios.

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Sobre este autor
Cita: Link, Jeff. "Usando a arquitetura para criar um novo movimento cívico: entrevista com Chris Sharples, do SHoP Architects" [Using Architecture to Create a New Civic Movement: SHoP's Chris Sharples Speaks] 10 Out 2018. ArchDaily Brasil. (Trad. Moreira Cavalcante, Lis) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/903340/usando-a-arquitetura-para-criar-um-novo-movimento-civico-entrevista-com-chris-sharples-do-shop-architects> ISSN 0719-8906

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